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Saindo de São Vicente |
Em São Vicente, havíamos concluído o maior trecho da viagem (veja relato aqui). Entretanto, a vitória em conseguir superar os 42 Km em um único dia ainda não autorizava o relaxamento. Àquela altura, faltavam 3 dias para chegarmos a nosso destino.
São Vicente - Cruzeta
Neste trecho, tínhamos uma dúvida sobre o ponto de alimentação, uma vez que só havia basicamente uma opção e o mapeamento prévio não fez uma visita de avaliação. O local era o
Bar da Rapa, localizado no sítio Poço de Pedra, município de Florânia. Sem maiores informações, logo de manhã perguntamos ao responsável pela pousada de São Vicente que, por coincidência, era parente do pessoal do Bar. Problema resolvido: bastava ligar antecipadamente e reservar o tipo e quantidade da refeição. Moab fez a ligação e as reservas e saímos da cidade pela rodovia, para logo seguir pelas estradas de barro.
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Sítio onde paramos para pedir água |
No caminho havia algumas placas indicativas e muitas derivações, o que exigiu atenção, paradas e discussões sobre os rumos. Evidentemente, o sugestivo "Bar da Rapa" alimentou especulações sobre o nome completo do empreendimento (Bar da Rapariga? Bar da Rapadura?).
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Casal Mucuras na discussão sobre qual caminho tomar |
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Segue a seta |
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Raspa de queijo e cerveja bem gelada.
Especialidades da casa |
Quando chegamos, fomos muito bem recebidos pela proprietária, a Sra. Francilene Araújo e seu esposo e tivemos a grata surpresa sobre a origem do nome: "Rapa" vem de raspa de queijo, uma iguaria do nordeste que harmoniza perfeitamente com uma cerveja bem gelada !! Tratamos de aproveitar as entradas para alívio da fome e do calor, enquanto as refeições não chegavam. Enquanto isso, percebemos os atrativos do lugar: wifi, televisão a cabo, redes para descanso e, sobretudo a boa hospitalidade e um bom papo.
O almoço chegou muito bem servido para aplacar os famintos
retirantes caminhantes. De sobremesa, doce de goiaba com queijo e dindins deliciosos e fechando com chave de ouro, um bom descanso em uma rede com um lençol limpinho para colocar sobre o rosto. Vontade não faltou de encerrar a caminhada ali mesmo.
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Descanso pós-almoço |
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Depois de toda a hospitalidade, tínhamos que seguir caminhando. Hora da despedida |
Com aquela lerdeza depois do almoço, retomamos o rumo e partirmos para Cruzeta. Considerando a localização do Bar da Rapa, sabíamos que teríamos mais um trecho de caminhada ao anoitecer.
Paramos para uma rápida visita a um casarão abandonado, próximo ao açude Cauaçu e logo retomamos a marcha.
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Caminhantes chegando ao casarão abandonado |
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Posando para foto. |
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Ainda falta um bocado |
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Só na observação. Foto de Rosana Freitas |
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Caminhantes. Foto de Rosana Freitas |
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O entardecer chegou e ainda tinha muito chão pela frente. Foto de Rosana Freitas |
E foi justamente à noite que tivemos outra boa surpresa neste trecho. Nos caminhos estreitos pelo sertão, volta e meia as motocicletas passavam por nós e seguiam para seus destinos. Contudo, em determinado ponto, uma moto vindo no sentido contrário foi reduzindo a velocidade para alcançar o grupo. De imediato, ficamos preocupados com algum possível ato de violência.
No entanto, o que ocorreu foi justamente o contrário: Um morador da região havia passado por nós e voltou trazendo água, pão e café. Hospitalidade e empatia puras. Sem nos conhecer, viu ali a oportunidade de fazer uma boa ação! De quebra, deu uma carona para Simone, abreviando um pouco seus últimos quilômetros. A foto ao lado não ficou boa, mas faço questão de publicar para registro e agradecimento a este senhor que nos ajudou (infelizmente, não registramos seu nome).
Quando chegamos à Cruzeta, completando
34 Km, Alexandre Pinto, esposo de Helena já nos esperava na entrada da cidade. Após nos instalarmos na Pousada, comemoramos seu aniversário com bolo e pizza! Aproveitamos a ocasião para comemorar também nosso aniversário de casamento (
27 anos !!!)
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Aniversário de Alexandre Pinto |
Cruzeta - São José do Seridó
Penúltimo dia e as limitações de hospedagem continuavam a ditar a logística da viagem. A partir de Cruzeta, faltavam cerca de 40 Km para Caicó. É claro que teríamos que dividir o percurso, mas não havia opções de hospedagem viáveis no município de São José do Seridó. Desta forma, a decisão foi a seguinte: caminharíamos por cerca de 20 Km e voltaríamos à Cruzeta de carro. No dia seguinte, um carro nos deixaria no ponto onde havíamos parado para continuarmos até o destino final.
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Simone e Helena |
Faz tempo que não falo do estado dos pés. Não, eles não melhoraram. Não tem como melhorar calos se você não alivia a pressão sobre eles e na sequência de muitos e muitos quilômetros, agora no piso duro do asfalto, dá para imaginar como ficaram maltratados. Reduzimos o ritmo, mas não desistimos.
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Além de ser mais seguro, o caminho de terra é mais macio |
O trecho até São José não trouxe novidades, exceto a pitoresca dormida pós-almoço, feita no chão da pequena rodoviária do município. Àquela altura, os caminhantes estavam aceitando qualquer lugar com sombra e um pouco de brisa, mostrando como nossas necessidades são satisfeitas com pouco, desde que não haja outras opções. As expectativas vão sendo moldadas pelo que está disponível.
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Telhas a secar em uma fábrica nas proximidades |
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O gado magro vai sobrevivendo |
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Portal na entrada da cidade |
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Soneca no chão da rodoviária |
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Valeu o descanso |
São José do Seridó - Caicó
Acordamos para nosso último dia de caminhada com emoções variadas, misturando o ânimo para conclusão, a preocupação se os pés suportariam os derradeiros quilômetros e uma certa nostalgia porque a aventura iria terminar. Tomamos café da manhã e seguimos no carro que havíamos contratado no dia anterior para o ponto onde paramos. Dividimos o grupo. Eu, Rosana e Trícia seguimos na frente e Moab, Helena e Simone vieram na segunda viagem, já que tinham um ritmo mais rápido e nos alcançariam antes da chegada. Mochila nas costas e toca no rumo de Caicó.
O percurso foi inteiramente pelo asfalto, com várias pequenas paradas para descanso. Apesar do trecho curto, já havíamos caminhado por mais de 250 Km nos nove dias anteriores. O psicológico passa a ditar a continuação do esforço. Para completar o desafio, queríamos chegar no momento em que os ciclistas também estivessem na praça em frente à Igreja, como parte das comemorações da festa de Santana, de modo que o relógio nos fazia uma pressão extra.
Valeu a pena. Chegamos exatamente no momento em que nossa amiga Cláudia, do nosso grupo de ciclismo - o Rapadura Biker - estava no palanque discursando. Fez uma festa anunciando nossa chegada e a confraternização foi ótima. Sensações que não dá para descrever exatamente em palavras, mas são inesquecíveis quando vivenciadas.
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Trícia e Rosana lá no horizonte |
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Dois ciclistas pararam para tirar fotos conosco |
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Chegamos à entrada da cidade, mas ainda era preciso caminhar um bocado até a igreja |
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Cláudia e Rosana no palanque |
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Vencemos ! |
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Com nossos amigos Carlson e Patrícia |
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Da esquerda para direita: Alexandre Oliveira, Rosana, Jodrian, Helena, Jacqueline, Moab,
Alexandre Pinto, Trícia e Simone. |
Leia os demais relatos desta aventura:
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Caminhada Natal-Caicó 1ª parte
-
Caminhada Natal-Caicó 2ª parte
-
Caminhada Natal-Caicó 3ª parte
-
Caminhada Natal-Caicó 4ª parte
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Caminhada Natal-Caicó 5ª parte
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Caminhada Natal-Caicó 6ª parte
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