Alguém fazendo alongamento no topo da Pedra do Bauzinho |
Ok, mas se considerarmos que grande parte de nossas decisões são influenciadas pela percepção que temos dos riscos envolvidos, aí o tema se torna ao mesmo complexo e desafiador.
Pense por um momento: o que faz com que um escalador, já perto do cume de uma montanha, desista de continuar por temer as consequências de um clima ruim, mesmo tendo condições físicas de fazê-lo? O que o leva a abrir mão da satisfação pessoal, do reconhecimento e do retorno de todo o investimento feito para chegar até ali? ou, por outro lado, o que leva um turista comum a se lançar em um bungge jump?
Para tentar entender a percepção de riscos, muitos estudos já foram realizados em diferentes áreas de conhecimento, a partir dos estudos pioneiros de Chauncey Starr, no final da década de 1960 [1] . Numa visão rápida, sem nenhuma pretensão de sermos exaustivos, podemos mencionar os seguintes fatores psicológicos que influenciam a percepção de risco por parte das pessoas:
- Imediaticidade dos efeitos, isto é, a extensão na qual o risco possui efeitos imediatos ou a longo prazo. Tende-se a minimizar a importância de efeitos de longo prazo. Assim, um risco de queda é muito mais valorizado que o risco de uma lesão por esforços repetitivos
- Novidade: as atividades e riscos associados são novos ou antigos? Há uma maior probabilidade de valorizar riscos novos - riscos associados a um novo tipo de equipamento, por exemplo
- Conhecimento e familiaridade das pessoas expostas sobre os riscos. Novatos em uma atividade tendem a supervalorizar ou subestimar os riscos a ela associados e o desconhecimento é um fator que acentua as preocupações, daí um dos motivos para as informações preliminares aos participantes das atividades de aventura.
- Controle - O fato de as pessoas participarem diretamente não do gerenciamento dos riscos envolvidos.
- Severidade das conseqüências - Obviamente, quanto maior a percepção dos efeitos que um acidente pode causar, maior a percepção sobre o risco
Desta forma, uma boa estratégia de gerenciamento de risco para as atividades de aventura deve levar em conta estes e outros fatores, de forma a influenciar o comportamento dos envolvidos para a execução segura das atividades.
"O olho vê somente o que a mente está preparada para compreender."
(Henri Bergson)
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