quarta-feira, 9 de março de 2011

A valorização de experiências


Yago pela primeira vez
em um rapel na
Pedra da Boca (Araruna-PB)
Um artigo de André Pousada, na Revista Hotelnews aborda uma crescente tendência nos negócios do Turismo: "o abstrato tende a ser mais marcante e perene no âmbito cognitivo do consumidor que as vantagens e valores concretos em si" .

Outro dado interessante é colocado por Valéria Barros em artigo da
Revista Periódico de Turismo. No artigo ela cita a Newsweek que afirma: "o turista dos próximos tempos tenderá a tirar períodos mais curtos de férias, porém mais intensos e ricos em aprendizagens, valorizando as experiências de consciência (sustentabilidade) associadas às de desejo. As histórias que terão a contar e experiências a vivenciar passam a ser muito mais importantes do que os detalhes operacionais da viagem".

Navegar é preciso, Vivenciar também  

  Neste contexto, o Turismo de Aventura tem muito a oferecer. De fato, uma pesquisa realizada pela ABETA em 2009 (
Perfil do Turista de Aventura) revela que o Turista de Aventura e do Ecoturismo tem duas necessidades básicas:

"A primeira é a de fugir do dia a dia, seja ele urbano ou não, da correria, do trabalho, do estresse e da violência, em busca de descanso. Esse descanso pode ser obtido de duas formas: do ócio, ou seja, não fazer nada mesmo, e de fazer alguma atividade diferente das cotidianas, como, por exemplo, praticar atividades fora do ambiente urbano. A segunda é a de resgate da vida, do prazer. Isso se concretiza no retorno às origens, à infância"

O documento de pesquisa também traz vários depoimentos dos entrevistados e um deles ilustra estas necessidades:

"Tudo de bom, que quando termina você gostaria que não terminasse. É um tempo que você se torna uma criança de novo. Você esquece de suas responsabilidades, do emprego, de sua rotina, você tira tudo aquilo e volta a sonhar"

Outro depoimento que se encaixa perfeitamente neste contexto está no blog do
Lex Blagus:

"Lá estava eu todo sujo, arranhado, cansado e dolorido de frente para minha mãe. Ela me perguntou: "filho, porque faz esses esportes malucos ?" e a resposta não vinha à boca. Tempos mais tarde lá estava eu novamente caminhando com minha mochila pesada sob a lua cheia. E num outro dia me jogando numa cachoeira no meio da mata. E somente estando lá eu puder entender a resposta."

Um reflexo do papel central das emoções no esforço de captar clientes pode ser facilmente visualizado em campanhas como a propaganda do Mastercard que associa momentos inesquecíveis à “não tem preço....”, o MacDonalds que diz “Eu amo tudo isso” e vários outros exemplos.

Tudo isso chega a configurar um novo ramo: "A Economia de Experiência", abordado por James H. Gilmore e B. Joseph Pine II, autores do livro The Experience Economy, nos idos de 1999.

Este aspecto precisa ser bem compreendido pelas operadoras do Turismo de Aventura, que devem desenvolver suas estratégias para reforçar as vivências. Isso, é claro, tem diversas implicações. Apenas para ilustrar:

- Que tipo de atividades serão ofertadas?
- Como desenvolver o marketing adequado, levando em conta as experiências que poderão ser vividas sem incorrer em exageros, considerando que as vivências são, por definição, algo individual?
- Como as atividades de aventura serão desenvolvidas (evitando, por exemplo, cronogramas apertados que dificultam a experiência em detrimento a cumprir um determinado roteiro)?
- Como deve ser a forma de comunicação e interação entre os condutores e os participantes?
- Quais informações devem ser fornecidas antecipadamente e quais devem ser "descobertas" pelos participantes?
- Como deve ser a intensidade do relacionamento com as comunidades nos destinos de aventura?

Por outro lado, os Turistas de Aventura devem desenvolver a consciência de que podem aproveitar muito mais se se dispuserem a interagir mais, a buscar o autêntico e não aqueles atrativos artificiais, "pasteurizados", que às vezes são oferecidos. Exemplos de atitudes que estimulam as experiências:

Curtindo a água nas lagoas dos
Lençóis Maranhenses
- Provar a culinária local
- Hospedar-se com os moradores
- Aprender a executar alguma prática local, por exemplo artesanato
- Aprenda algumas palavras da língua local
- Conversar com as pessoas
- Sentir o ambiente: calor, frio, vento, brisa, chuva, neve....
- Participar de festas e rituais locais

- Praticar uma atividade nova e desafiante
- Conhecer a história do lugar

 

(*) Vejam também o link Tour da Experiência, projeto que envolve o Ministério do Turismo, SEBRAE, Instituto Marca Brasil e SHRBS.

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