terça-feira, 9 de agosto de 2016

Visita técnica ao Parque Nacional da Furna Feia


A convite do SEBRAE-RN, tivemos o privilégio de conhecer uma pequena parte do Parque Nacional da Furna Feia, situado entre os municípios de Baraúna (60% da área) e Mossoró (40%). É um parque recente, criado em junho de 2012, após 10 anos de estudos e ainda não está aberto ao público - a entrada só é permitida com a autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Possui aproximadamente 8.500 hectares de área e está localizado a cerca de 35 Km de Mossoró, a principal cidade do oeste do Rio Grande do Norte. Além da biodiversidade em uma área de Caatinga bem preservada (pelo menos 110 espécies de aves identificadas, por exemplo) são 218 cavernas atualmente registradas.
Mapa do Parque Nacional da Furna Feia
Área do Parque Nacional da Furna Feia - Fonte: ICMBio
Nossa visita teve a participação de várias instituições, com o objetivo de conhecer a região e identificar possibilidades de cooperação com vistas ao uso sustentável do Parque, uma vez que os estudos finais devem ser concluídos este ano. Está prevista a abertura de 3 pontos de visitação em 2017, após a instalação de infraestrutura adequada para aumentar a segurança dos visitantes. Atualmente, ainda não existem instalações sanitárias, abrigos para descanso ou outras facilidades implementadas.

O chefe do parque, o Sr. Leonardo Brasil e o técnico ambiental Sr. José Iatagan Mendes de Freitas, ambos do ICMBio, forneceram todas as informações e nos guiaram nas duas trilhas que percorremos.

Parque Nacional da Furna Feia
Placa na entrada do Parque
Leonardo Nunes realizando as explicaçõs iniciais
Leonardo Brasil nos dá as informações sobre o Parque
Trilha no Parque Nacional da Furna Feia
Trilha na Caatinga
Entrada da Gruta do Pinga
Antes de chegar ao Abrigo do Letreiro, uma rápida parada na entrada da Gruta do Pinga. Apenas o Vicente se aventurou a entrar um pouco

 Abrigo do Letreiro

Nosso primeiro destino foi o Abrigo do Letreiro (assim chamado porque a abertura da cavidade é maior que seu desenvolvimento). Um sítio arqueológico com painéis de pinturas rupestres de tradição geométrica.
Inscrição rupestre no Abrigo do Letreiro 3
Inscrições rupestres
Inscrição rupestre no Abrigo do Letreiro 2

Inscrição rupestre no Abrigo do Letreiro
Representando um tatu?
Abrigo do Letreiro
Rosana e Yves, do SEBRAE-RN
Interior do Abrigo do Letreiro
Grupo próximo à clarabóia do abrigo

Furna Feia

Seguimos com os veículos até um ponto próximo à entrada da Furna Feia, localizada em área do município de Baraúna. Fomos equipados com lanternas e seguimos por trilha, em pequenos grupos, com cuidado para não espantar um enxame de abelhas localizado no alto do teto da entrada.

Orientações antes da entrada na Furna Feia
Grupo recebendo as orientações sobre a Furna Feia
Trilha de acesso à Furna Feia
Caminho para a entrada
A Furna Feia (que de feia não tem nada) é a maior caverna em volume do Rio Grande do Norte. Possui 814 metros de comprimento em três níveis e foi originada pela dissolução da rocha calcária pela água ácida percolada. Sua entrada tem a altura de 12 metros:

Entrada da Furna Feia
Entrada da Furna Feia
Visitamos o primeiro nível e a riqueza dos espeleotemas é fascinante. De início, chama a atenção a Pedra do Tubarão, facilmente identificável. Na sequência, o percurso exige mais cautela e esforço nas subidas e descidas, mas o resultado é compensador.

Interior da Furna Feia
Grupo embaixo de uma clarabóia
Pedra do Tubarão
Nem precisa de legenda
Espeleotema na Furna Feia 2
Espeleotemas
Espeleotema na Furna Feia
Espeleotema na Furna Feia 3
Belos salões
Jacuzzi
Essa formação é chamada de Jacuzzi. Pena que algum espírito de porco fez uma pichação
Visita Técnica Furna Feia
Ótima experiência
A Furna Feia também tem sua própria biodiversidade. A colônia de morcegos, por exemplo, tem uma população estimada entre 12 e 16 mil indivíduos, com 12 espécies já identificadas.

É fácil perceber o grande potencial para uso deste patrimônio natural em atividades organizadas de ecoturismo e espeleoturismo. As perspectivas são excelentes!

Reportagem

Uma equipe da TCM realizou uma reportagem em nossa visita (Link) . Vejam o vídeo com depoimentos e mais imagens da região (Nota: erraram ao me considerar um Operador de Turismo quando, na verdade, sou consultor em gestão)



Atualização:

O professor Marcos Nascimento, nos informa algumas características geológicas da região, que vale a pena reproduzir, considerando que a geodiversidade é um dos grandes diferenciais do Parque:

Na região do Parque Nacional da Furna Feia ocorre uma impressionante exposição de lajedos e cavidades formadas em calcário (rocha sedimentar gerada principalmente por precipitação de minerais carbonáticos, como calcita e dolomita, a partir da água do mar ou por acúmulo de fragmentos de conchas de animais), cuja origem se deu por volta de 90 milhões de anos, quando os continentes sul-americano e africano já estavam separados. 

A facilidade desse tipo de rocha de se dissolver favorece a formação das cavidades, seguindo o ditado que "água mole em pedra dura ...". Durante milhões de anos, a acidez da água dissolve aos poucos a dureza do calcário, sem falar da formação de fraturas (quebra na rocha) devido as mudanças climáticas ao longo desse milhões de anos. Assim, a água segue formando (cavando) buracos, criando corredores e salões, além de precipitar (cristalizar) minerais carbonáticos gerando os espeleotemas como estalagmites e estalactites.


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