domingo, 13 de novembro de 2011

Primeiras agarras - aprendendo os fundamentos da escalada

1o. Top Rope
Muitas vezes o rumo das coisas se altera e falhas no que estava planejado se transformam em novas oportunidades. Aconteceu comigo nesse final de outubro. Estava inscrito, com um curso confirmado de Resgate em Áreas Remotas, a ocorrer em São Bento do Sapucaí. Já estava no Rio de Janeiro quando a empresa responsável resolve cancelar o curso. Baita frustração. Liguei para a Montanhismus, empresa do Eliseu Frechou, que hospedaria este curso terceirizado, e negociei a substituição pelo Curso Básico de Escalada. Extremamente profissional, o Eliseu topou na hora e me deu o privilégio de fazer o curso sendo o único aluno.

Segui para São Bento, chegando no início da noite e fui direto para o alojamento coletivo da Montanhismus, onde 18 leitos em forma de beliches acolhem aqueles que desejam fazer aventuras na região.




Alojamento da Montanhismus
Conforme combinado, por volta das 08:30 do sábado, o Eliseu Frechou chegou à hospedagem e de lá rumamos para o local da 1a. aula: uma parede ao lado de uma rodovia próxima, com uns 12 metros de altura, especialmente aparelhada para as instruções básicas. É isso mesmo, o curso começa já na prática, o que é bem motivante. Todos os equipamentos, inclusive sapatilhas, foram fornecidos pela Montanhismus.

No início, tive a revisão sobre rapel e seus aparelhos de frenagem, praticando várias descidas. A partir daí, o instrutor orienta sobre os nós aplicados à atividades, em especial o onipresente "oito duplo", instalação de ancoragem e parto para as primeiras subidas no estilo "Top Rope".

Neste ponto, começo a descobrir porque esta atividade exerce fascínio sobre tantas pessoas. Não se trata da repetição mecânica de movimentos, mas sim do trabalho conjunto e intenso de músculos e mente, descobrindo a cada instante um posicionamento novo de pernas e braços, tentando quebrar alguns comportamentos pré-existentes (como é o caso de ficar com o corpo colado à rocha, quando o correto é afastá-lo para se ter uma melhor visão e melhor aderência) e descobrir as tais agarras - tão óbvias, para quem já é experiente. É claro, são percepções de aprendiz, mas já me mostram um mundo diferente.

Do Top Rope, passamos à escalada guiada, formando uma cordada, onde o instrutor seguiu guiando e colocando as costuras, enquanto eu ficava dando a segurança, para daí seguir subindo e retirando as proteções. Fim da manhã, com muitos conhecimentos novos.

À tarde, tive aulas teóricas, na agradável sede da Montanhismos, onde as instruções foram dadas com apoio de vídeos. As práticas da manhã vão sendo revisitadas e consolidadas, em preparação para o dia seguinte. Aliás, sob risco de não ser realizado, devido às chuvas que começavam a cair, ao som das trovoadas. Melhor não se preocupar tanto por antecipação.

Via "Mamão com açúcar", na Pedra da Divisa
De fato, no domingo, apesar da chuva que caiu à noite, as rochas estavam secas e partimos para minha primeira via, de fato - a "mamão com açúcar", situada na Pedra da Divisa. Os aprendizes certamente não concordam com o nome. Soa até como uma "provocação", dado o esforço que fazemos. Novamente, o exercício mental foi muito interessante e, é claro, chegar lá em cima, a primeira via escalada, traz aquela gostosa sensação de missão cumprida.

No domingo à tarde, aprendi as técnicas de auto-resgate, nas paredes para treino "In door". É o conhecimento necessário que o escalador (e também quem pratica Rapel) deveria ter para subir a corda com o apoio de duas laçadas e nós auto-blocantes. Fim do curso, com a certeza que há muito a aprender, mas também de ter vivenciado uma oportunidade ímpar de aprender.

Sobre o instrutor:
Preparando o rapel com o
Eliseu Frechou, na Pedra da Divisa
Eliseu Frechou é guia de montanha e instrutor de escalada com larga experiência em escaladas em rocha. Entre suas inúmeras conquistas está a abertura de uma dificílima via no monte Roraima, a primeira feita por brasileiros e uma das poucas na história dessa montanha, o que lhe valeu o Prêmio Outsiders 2010. É fundador da escola de escalada Montanhismus e do Mountain Voices - Informe Brasileiro de Montanhismo e Escalada.



Sobre São Bento do Sapucaí:
  Vista do Complexo Rochoso
da Pedra do Baú  
Situada na Serra da Mantiqueira, a 164 km de São Paulo, na divisa com Minas Gerais, São Bento do Sapucaí é um paraíso para atividades de Ecoturismo e Turismo de Aventuras. Trekking, Escaladas em rocha, Mountain Bike, Paraglider, corridas de aventura são algumas das possibilidades. Entre as atrações naturais está o cartão postal da região, o Complexo Rochoso da Pedra do Baú, formado pelo Bauzinho, Pedra do Baú e Ana Chata - veja relato da trilha que fizemos em 2010 na Pedra do Baú - Link

Para ler:
Há vários e bons livros sobre escaladas. Gostei dos seguintes:
- Escale Melhor e com Mais Segurança, de Flávio e Cintia Daflon. Veja resenha Link
- Escalada e Trekking em Alta Montanha, de Davi Marski. Veja resenha Link
- Normas do Turismo de Aventura - Parte 04 - Técnicas Verticais (NBR 15501 e NBR 15502). Veja resenha Link
- Com unhas e dentes, de Sérgio Beck (fornecido pelo curso)


"...aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo. Aventurar-se no sentido mais amplo é precisamente tomar consciência de si próprio... " Søren Kierkegaard

Um comentário:

  1. Sou responsável pela rede social exclusiva sobre viagens - viagempública (www.viagempublica.com) - e gostaria de saber se vocês têm interesse de cadastrar seu BLOG na aba BLOGS, ficando mais acessível aos usuários da rede social e dando mais visibilidade ao seu BLOG. Lembrando que você não vai gastar nada com isso, é de graça...

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...