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Rapaduras posam para foto no momento da saída de Natal. |
Nos dias 24, 25 e 26 de julho, enfrentamos o maior desafio de bike que tivemos até o momento. Nunca havíamos pedalado assim, nem considerando a distância total, nem a quilometragem diária.
O destino foi a cidade de
Caicó, principal cidade da região do Seridó, região centro-sul do Rio Grande do Norte e a data foi planejada pelo Rapadura Biker para coincidir com as Festa de Sant’Ana, considerada o maior evento sócio-religioso do estado e incluída na lista de "Patrimônio Imaterial do Brasil".
Para os Rapaduras, este percurso já está no calendário de rotas, sendo esta a 3ª edição.
Nos meses anteriores, a coordenação do Rapadura Biker fez todo um trabalho de preparação (logística e de treinos), que incluiram o planejamento de materiais a serem levados nos carros de apoio (água, frutas, peças de reposição, etc.), a confecção de camisas personalizadas, contatos com os meios de hospedagem e demais grupos de ciclistas, etc. Um maravilhoso trabalho, voluntário e silencioso, mas fundamental para o êxito neste tipo de viagem. Desde já, deixamos nosso forte agradecimento ao casal
Benilton e Cláudia, em nome de todos que se envolveram nos bastidores e durante o percurso, apoiando o grupo que estava pedalando.
O final da preparação foi concluído na quarta-feira anterior à saída, com uma reunião onde algumas informações que já haviam sido divulgadas foram detalhadas e esclarecidas, de forma que tudo saísse “nos conformes”.
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Briefing sobre o percurso |
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Todos animados |
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1º dia – Natal – Santa Cruz (110 Km)
Com a expectativa em alta, acordamos bem cedo e saímos para o ponto de encontro em um posto ALE, na BR-101. Partimos por volta das 05:40, com a manhã anunciando (felizmente) um dia meio nublado. Ao todo, 30 ciclistas com o misto de ansiedade e animação para os desafios que começavam.
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Casal Mango |
Pouco tempo depois, paramos para um ótimo café-da-manhã, provendo as calorias para o esforço físico que apenas começava. Barriga cheia e seguimos com destino a Santa Cruz.
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Ótimo café-da-manhã na casa da família de Uillamy |
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Carros de apoio |
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Como pode ser visto no vídeo ao final desta postagem, o percurso é feito pelo asfalto, intercalando trechos com bom acostamento e outros nem tanto. É claro que o trânsito preocupa e sempre há a preocupação com a segurança. Para facilitar o acompanhamento e agilizar providências, alguns participantes e os carros de apoio utilizaram rádios e a comunicação fluiu bem.
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Suporte com os carros de apoio |
No município de Serra Caiada, a cerca de 70 Km de Natal e famoso por suas inúmeras vias de escalada (
veja relato no blog), paramos para repor as energias com um lanche oferecido pela Sra. Neta. Uma gentileza que anima o corpo e a alma. A turma parou de comer? De forma alguma. Como resistir aos pastéis de Tangará? mais calorias prá dentro da máquina.
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D. Neta e os Rapaduras, após o lanche em Serra Caiada |
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Comer é bom, mas precisamos pedalar ! |
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Paisagem de interior |
As paradas, de certa forma, esfriavam o ritmo do pedal, mas o espírito do Rapadura Biker é curtir o cicloturismo em bom astral, sem preocupações quanto à velocidade e sem estresse. É lógico que precisamos manter um bom ritmo em função dos horários de chegada, mas há uma boa flexibilidade no programa, de modo que todos possam chegar bem nos destinos.
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Chegando em Santa Cruz. No horizonte, à esquerda, a estátua de Santa Rita de Cássia |
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Primeira etapa vencida !! |
Chegamos à Santa Cruz por volta das 14:00, seguimos para as hospedagens já reservadas e daí para um barzinho para “fazer a resenha” e relaxar. Um bom começo de aventura pelas estradas do Rio Grande do Norte.
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Mapa do percurso entre Natal e Santa Cruz |
2º dia – Santa Cruz – Jardim do Seridó (120 Km)
Com a musculatura ainda lembrando do dia anterior, tomamos café e saímos para o maior e mais desafiante percurso do pedal. Sim, todos já sabiam que o dia seria o mais exigente e havia, digamos, um certo preparo psicológico, mas isso não alivia muito à medida que os quilômetros vão passando.
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Gislane e Rosana |
Desafiante não só pela distância, mas também porque precisávamos subir a Serra do Doutor. Um trecho extenso com inclinação constante, a cerca de 16 Km de Santa Cruz, antes de Campo Redondo. Vencê-lo exigiu determinação e paciência para manter o ritmo cadenciado, com as marchas mais leves. Mas, como diz o lema do grupo: “
Rapadura é doce, mas não é mole”. Vencemos e seguimos em frente para almoçar na cidade de Currais Novos.
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Sombra na estrada. |
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Pneu furado faz parte da aventura |
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Depois do almoço ficamos descansando, procurando evitar o sol intenso do período entre 12:00 e 13:00. Neste segundo dia, o sol veio com toda força e foi mais um ingrediente para testar a capacidade física e psicológica dos pedalantes. Os carros de apoio, sempre atentos ao grupo, paravam e nos aguardavam para que pudéssemos repor água, comer algumas frutas e alongar um pouquinho.
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Siesta no clima "ameno" de Currais Novos - RN |
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Enfrentando o calor do início da tarde |
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As paisagens que costumamos ver em velocidade quando viajamos de carro, agora ganham uma nova perspectiva.
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Junior Verona e a Serra da Rajada, na divisa entre os municípios de Acari e Carnaúba dos Dantas |
A partir do trecho próximo à Serra da Rajada, enfrentamos um vento contrário mais forte que reduzia muito a progressão, mesmo nas descidas – quando procurávamos ganhar impulso para a subida subseqüente. Para quem já estava pedalando por muitas horas, foi mais um teste. A essa altura, alguns ciclistas já haviam recolhido as bikes e continuaram no carro de apoio, o que é normal em um pedal desta natureza
Finalmente, chegamos à Jardim do Seridó, destino final de um dia cansativo, bonito, desafiante, fantástico!
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Da esquerda para a direita: Neide, Claudia, Rosana e Virgínia. Cansadas, mas alegres pela conquista. |
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Chagas. De acordo com Benilton, o vendedor de picolé mais simpático de Acari |
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Barba, cabelo e bigode na barbearia do Sr. Zé Leite, em Jardim do Seridó |
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Mapa do percurso entre Santa Cruz e Jardim do Seridó |
3º dia – Jardim do Seridó – Caicó (42 Km)
Na saída para o último dia deste pedal, senti um misto de despedida e satisfação por ter conseguido chegar até ali. Confesso que, quando soubemos da possibilidade de participar de um pedal de 270 Km, não me considerava preparado. Mas, como diz a frase de John A. Shedd:
"A ship in harbor is safe, but that is not what ships are built for" (Um barco está seguro no porto, mas não foi para isso que os barcos foram construídos). Nos juntamos ao grupo e agora estávamos perto de concluí-la!
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Neide ajuda no alongamento |
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Preparativos para a saída no 3º dia |
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Rapaduras na estrada |
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Vamos pedalando no interior do RN e alguns motivos fotográficos merecem uma pausa para um click |
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As dobráveis, conduzidas pelos valentes Uillamy, Erimar e Moab,
que enfrentaram os 270 Km entre Natal e Caicó. |
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Uma pequena comemoração, já pertinho de Caicó |

Os vários grupo de ciclistas que estavam no mesmo caminho se reuniram em um ginásio de esportes para seguirem em passeata até a Igreja Matriz de Caicó, onde o pároco discursou e fez as bençãos do grupo.
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Vários grupos participaram do percurso de forma independente.
Na chegada à Caicó, reuniram-se para chegar todos juntos |
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Ciclistas reunidos em frente à Igreja Matriz de Caicó |
Vídeo
Aprendizado
Com pouco mais de um ano de prática regular nas bikes, este pedal foi uma ótima oportunidade para consolidar algumas práticas e adquirir novas experiências:
1 – Hidratação
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As manchas brancas na calça são os sais minerais cristalizados |
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A foto ao lado mostra a perda de sais minerais que vai ocorrendo com a transpiração. A água evapora e os cristais ficam sobre o tecido da calça de compressão.
Então, tome muita água, mas não esqueça de repor os sais minerais com isotônicos.
Caso contrário, os efeitos já são conhecidos: câimbras, fadiga excessiva, dores musculares, náusea, vômitos etc.
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2 – Espelho retrovisor
Pedalar nas rodovias exige atenção redobrada com o trânsito de veículos, que trafegam em alta velocidade. Algumas vezes, precisamos ultrapassar colegas que vão na frente, desviar obstáculos ou mesmo fazer ligeiras mudanças na direção. Para todos estes casos, um espelho retrovisor é importantíssimo.
Além do mais, vale lembrar que o espelho retrovisor do lado esquerdo é um dos equipamentos obrigatórios, previsto pelo Código de Trânsito Brasileiro (Art. 105).
3 – Rádio comunicador
É inevitável que haja alguma dispersão em um grupo de 30 ciclistas. Alguns vão mais rápidos e outros ficam na “vassoura”. Os rádios comunicadores são equipamentos importantes para manter o controle sobre a progressão do grupo e avisar sobre a necessidade de apoio, uma vez que os carros de apoio não seguem o tempo inteiro ao lado dos ciclistas.
Apesar de não fazer parte da coordenação, mantive um rádio comigo, sintonizado na freqüência dos Rapaduras e pude acompanhar como o pedal estava se desenrolando. Em alguns casos, pude contribuir na ajuda para pequenos problemas.
4 – Calça de compressão
Foi a primeira vez que usei uma calça de compressão para pedalar. Por sugestão do amigo Moab, adquirimos calças da marca
Flets que se mostraram excelentes. Valeu cada centavo. Além do propósito principal de atuar na musculatura, realiza a proteção solar e também é respirável (ver foto acima) – o suor evaporou, deixando apenas os sais minerais na superfície externa. O conforto na parte acolchoada é ótimo.
A compressão, se feita de forma correta, contribui para reduzir o desgaste muscular e melhorar a performance e, a partir de agora, serão adotadas por nós em pedais de longa duração.
5 – Carros de apoio
Não apenas para o apoio técnico, mas também psicológico. Saber que, dentro de 10 ou 15 quilômetros, você encontrará água gelada, frutas e a oportunidade de encontrar seu grupo é um bom pensamento quando o cansaço vai batendo.
6 – Câmaras de ar reserva
Os pneus não furam apenas nas trilhas. Durante este pedal, contabilizamos 5 pneus furados, normalmente devido aos arames que se soltam dos pedaços de penus recauchutados de caminhões. Caso a bike não possua proteção interna contra furos, é essencial ter câmaras reservas para agilizar o conserto e seguir em frente.
7 - Um grupo bacana
Nenhuma aventura é agradável se o grupo não for bacana. O companheirismo e as interações são tão importantes quanto vencer as distâncias. Temos o privilégio de fazer parte deste grupo fantástico chamado
Rapadura Biker. Não preciso comentar mais nada !
O relato ficou nota nota 10! Bom demais ter conseguido pedalar todo o percurso de Natal até Caicó com as bençãos de Santana.
ResponderExcluirMuito brigado, Rosana!. Foi ótimo compartilhar essa aventura com você.
ExcluirMuito bom mesmo e vamos que vamos.
ResponderExcluirValeu, Fávio !
ExcluirBom percurso e boa aventura!! Tive a oportunidade de vê-los na estrada e achei que estavam bem, pois sorriam após quase 100 km...😄😄😄
ResponderExcluirMuito obrigado, Adrian.
ExcluirSim, foi uma ótima coincidência encontrá-lo. De fato, estávamos bem. O ritmo foi adequado às nossas capacidades :D
Grande abraço
Muito legal, Jodrian! Eu adoro pedalar e uma aventura dessas seria o máximo, mas acho que não tenho preparo para tanto não... hehe
ResponderExcluirEssa foto da calça com os sais realmente impressiona. E o visual do RN é sempre um motivo para uma pausa. Lindos registros, parabéns pra vocês! :)
Abs,
Karla
Muito obrigado, Karla
ExcluirÉ preciso ter preparo, sim. Mas isso a gente vai adquirindo com pedaladas freqüentes. Nada de muito excepcional. Apenas manter o hábito e quando estiver próximo à viagem, intensificar mais os treinos.
Essas aventuras nos permitem apreciar melhor o visual potiguar :)
Grande abraço
Bom dia... ótimo relato e fotos!!!
ResponderExcluirOs meninos que cicloviajaram de dobráveis (Uillamy, Erimar e Moab)
possuem Blog?
cicloabraços - joaozinho
www.joaozinhomenininho.blogspot.com.br
Muito obrigado.
ExcluirO pessoal da dobrável não possui blog, mas posso encaminhar suas questões, se necessário.
Abraço,
Jodrian