Trecho em declive na Travessia Petrópolis-Teresópolis |
Para evitar isso, a ABNT publicou em fevereiro de 2008, a norma NBR 15505-2 (Turismo com atividades de caminhada. Parte 2: Classificação de percursos). Esta norma se aplica a caminhadas oferecidas como produto turístico (isto é, destinadas a um cliente comum: pessoa adulta, não-esportista e com bagagem leve).
Utilizar esta norma traz vários benefícios:
- Facilita o acesso às informações pelos clientes de maneira sistemática,
- Possibilita um melhor planejamento pelos praticantes e pelas operadoras
- Permite uma concepção mais organizada do produto turístico, facilitando a oferta e comercialização
- Traz informações mais consistentes para estabelecer mecanismos de seguro para a atividade,
- Permite a análise de incidentes de modo mais preciso.
Quais são os critérios de classificação?
A NBR 15505-2 utiliza quatro critérios, cada um recebendo uma nota de 1 a 5, que devem ser avaliados para cada trecho do percurso:
a) Severidade do meio: refere-se aos perigos e outras dificuldades decorrentes do meio natural, que podem ser encontrados ao longo do percurso. A norma lista 20 ocorrências que, se estiverem presentes no percurso, devem ser contabilizadas cumulativamente. Exemplos:
Travessia dos Lençóis Maranhenses |
- alta probabilidade de exposição a ventos fortes ou frios
- tempo de realização da atividade igual ou superior a 3 h de marcha sem passar por um lugar habitado, um telefone de socorro (ou sinal de celular ou radiocomunicador) ou uma estrada aberta com fluxo de veículos
Se o trecho tiver até 3 ocorrências, recebe a nota 1 (Pouco severo). Se tiver pelo menos 13 é considerado muito severo (nota 5)
b) Orientação no percurso: refere-se ao grau de dificuldade para orientação, como presença de sinalização,trilhas bem marcadas, presença de pontos de referência, entre outros, para completar o percurso;
Caminho de Santiago: Boa sinalização = Nota 1 |
A pior situação (nota 5) ocorre quando: "O itinerário depende da compreensão do terreno e do traçado de rotas, além de exigir capacidade de navegação para completar o percurso. Os rumos do itinerário podem ser interrompidos inesperadamente por obstáculos que necessitem ser contornados"
c) Condições do terreno: refere-se aos aspectos encontrados no percurso em relação ao piso e às condições para percorrê-lo, como tipos de pisos, trechos com obstáculos, trechos com pedras soltas, entre outros;
Trecho na Travessia do Vale do Pati. Nota 3 para condições do Terreno |
d) Intensidade de esforço físico: refere-se à quantidade de esforço físico requerido para cumprir o percurso, levando em conta extensão e desníveis (subidas e descidas).
Neste caso, a classificação é dada pelo tempo gasto, considerando as distâncias e as velocidades médias:
- piso fácil (por exemplo, estradas e pistas): 4 km/h;
- piso moderado (por exemplo, trilhas, caminhos lisos e prados): 3 km/h;
- piso difícil (por exemplo, caminhos ruins, pedregosos e leitos de rios): 2 km/h.
Com acréscimos para Subida (aclive) - 200 m/h e Descida (declive) - 300 m/h
Um percurso com pouco esforço (nota 1) é aquele cuja soma de tempos previstos seja inferior a 1h e percursos considerados de "esforço extraordinário" são aqueles com mais de 10h (nota 5)
A NBR 15505-2 traz exemplos de cálculos e, claro, como as regras para atribuir as notas intermediárias (2, 3 e 4) que não mencionamos aqui. Também sugere um modelo de formulário para comunicação da classificação, que inclui os seguintes símbolos:
Severidade do meio | Orientação | Condições do terreno | Intensidade de esforço físico |
Lembro que as normas técnicas de Turismo de Aventura estão disponíveis gratuitamente para consulta e impressão no site www.abntnet.com.br/mtur
Muito interessante. Recomendo.
ResponderExcluirObrigado Alejandro!
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