Em 2008 o autor percorreu cerca de 30 cidades em 13 países: África do Sul, Zimbábue, Zâmbia, Gana, Tanzânia, Ruanda, Congo, Uganda, Quênia, Etiópia, Somália, Egito e Djibuti.
Quando digo percorreu, não significa que apenas "passou" por estes locais. O correto talvez fosse "experimentou" 13 países. Mesmo considerando que é um jornalista, chama a atenção a vontade de ver de perto inúmeros aspectos da sociedade africana. Assim, Fábio visitou o Mercado de Bruxas em Gana, assistiu uma corte tradicional (gacaca) para julgar crimes de guerra em Ruanda, andou em uma lotação (matatu) no Quênia, viaita a campo de refugiados no Congo e muitos outros momentos, entre perrengues e descobertas, temperadas pelo fato de ser, em muitos casos, o único branco do local.
Detalhes "operacionais" das viagens também são descritos e se tornam boas dicas para quem deseja visitar os locais mencionados no livro. As dificuldades para obtenção de vistos, as possibilidades de vôos e outros meios de transporte, hotéis, "guias" informais, câmbio, restaurantes e por aí vai.
O estilo informal da narrativa é mesclado com algumas reflexões sobre as transformações que os países africanos estavam passando, o que contribui para tornar a leitura interessante - mais um daqueles livros que não queremos parar de ler.
Para quem se interessar em ir além, Fábio montou um blog que complementa a narrativa (http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/). O blog deixou de ser atualizado em março de 2011, mas continua disponível.
Alguns trechos:
"Mochilar não é apenas o ato de enfiar uma mochila nas costas. É um conceito, o de sentir quase um orgulho masoquista de passar perrengue. De viajar apertado no pau de arara e comer sanduíches suspeitos em feiras livres (...) E dormir em moquifos, que podem ser simplesmente moquifentos (sem privada, chuveiro e papel higiênico) ou mais decentes (...) Tudo em nome do contato com a vida local".
"Entreguei cinco notas de 100 rands a Martin e recebi um pacote com um maço de notas novinhas em folha. Jamais esquecerei a resposta que obtive quando perguntei quanto havia ali: "Estou de dando um bilhão de dólares"
"Procurar gorilas nas montanhas é um pouco como chegar à casa de um desconhecido sem avisar, bater na porta e torcer para ele estar lá. Se não estiver, azar o seu. Você acabou de perder o dinheiro da passagem de ônibus"
Pé na África - Uma aventura do sul ao norte do continente
Publifolha, 2009. 271p.
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