O que acontece quando alguém que faz da fotografia sua linguagem resolve escrever
A narrativa flui ao longo dos capítulos curtos e me revelou um bocado sobre a trajetória deste fotógrafo que prioriza as fotos em preto, branco e cinzas.
Não sabia de sua militância política. Embora discorde frontalmente de várias de suas afirmações sobre o atual governo, pude compreender porque sua percepção social tanto influenciou seus trabalhos.
Mas, é claro, me interessei muito mais pelas questões que envolvem sua vida. Sim, porque ele mesmo afirma: "Minha fotografia não é militância, não é uma profissão. É minha vida”.
Além do relato sobre como mudou sua vida, de economista para fotógrafo e de sua parceria com a esposa Lélia, ficamos conhecendo mais detalhes sobre seus projetos fotográficos: Outras Américas, Trabalhadores, Êxodos, Gênesis.
Sua narrativa revela os desafios que encara para concretizar seus projetos de longo prazo. Sim, em tempos onde a rapidez impera e acaba influenciando tudo o que fazemos, incluindo os registros fotográficos, Salgado alerta: “Quem não gosta de esperar, não pode ser fotógrafo. […] Na maioria dos casos, não há como acelerar os fatos. É preciso descobrir o prazer da paciência” .
E quantas aventuras! caminhou 55 dias por 850 quilômetros em trilhas nas montanhas para realizar uma reportagem sobre as montanhas da Etiópia em 2008; passou quase 2 meses com a tribo zo’é na amazônia; conviveu com o povo nenetse na Sibéria, em temperaturas entre –30ºC e -40ºC. Inspirador !
Da Minha Terra à Terra
Sebastião Salgado, com Isabelle Francq
Editora Paralela, 2014. 152 páginas
Achei o post, este livro também está na lista. Sou fã.
ResponderExcluirVale a pena, Roberta !
ExcluirAbraço