quarta-feira, 11 de junho de 2014

Ceará-Mirim: Expedição Fotográfica



Chaminé no Emgenho Mucuripe - Ceará-Mirim
Chaminés no Engenho Mucuripe
Já fazia algum tempo que não saía com o objetivo específico de fotografar, nas chamadas Expedições Fotográficas. Não foi a falta de oportunidades, mas sempre que surgiam, algum compromisso nos impedia de participar. São momentos ótimos para trocar idéias e aprender com as dicas dos participantes.

No dia último dia de maio, porém, embarquei com a (sempre) animada e competente turma, coordenada pelo Professor e Fotógrafo Célio Ricardo. O “alvo” foi o município de Ceará-Mirim, distante apenas 28 km de Natal e as principais atrações foram as ruínas dos engenhos de açúcar do século XIX.

O município foi um importante produtor de açúcar, com mais de 100 engenhos construídos a partir de 1840. Apesar da início relativamente tardio, se comparado com municípios que produziam e exportavam já no século XVII, Ceará-Mirim firmou-se como um importante pólo açucareiro.



Como acontece nos ciclos econômicos, a riqueza trouxe a ascensão daqueles que detinham a terra e os meios de produção, que ganhavam prestígio político e social, demonstrado – inclusive – pelo tamanho e imponência de suas casas.

A história foi apresentada ao grupo pelo guia Francisco Ferreira, que faz a apresentação do município interpretando Manoel Varella do Nascimento, o Barão de Ceará-Mirim. Ele e sua esposa, com trajes de época, tornam o passeio bem mais interessante, contando causos e fazendo algumas encenações.

Barão e Baronesa de Ceará-Mirim
O Barão e a Baronesa posam na sacada de "sua" casa de veraneio -
a Casa Grande do Engenho Guaporé

Fotos

Começamos pela sede do Município, percorrendo as ruas quase sem movimento no domingo de manhã. Ouvíamos os detalhes do passado, mas rapidamente o grupo mirava suas objetivas para captar cores e formas no casario urbano.

Mercado público de Ceará-Mirim
Mercado público, construído em 1881
IMG_2978_79_80-2
Casa em Ceará-Mirim
Mas, é na zona rural que a arquitetura nos permite vislumbrar a riqueza de outrora. O poderio dos senhores de engenho trazia azulejos de Portugal, máquinas da Inglaterra e (à custa do trabalho escravo) produzia riquezas com cultivo da cana-de-açúcar.

Capela e antiga sinagoga do engenho que pertenceu a Samuel Bolshaw - Ceará-Mirim
Capela, que já foi uma sinagoga do Engenho Cruzeiro, pertencente a Samuel Bolshaw
Casa Grande do Engenho Guaporé - Ceará-Mirim (2)
Casa Grande do Engenho Guaporé, também usada como casa de veraneio do Barão de Ceará-Mirim
Casa Grande do Engenho Guaporé - Ceará-Mirim
Atualmente o prédio pertence à Fundação José Augusto e foi denominado Museu Nilo Pereira, mas não tem nada em seu interior, em precárias condições
Ruínas do Engenho Cruzeiro - Ceará-Mirim
Ruínas do Engenho Cruzeiro
Formas para rapadura - Engenho Mucuripe, Ceará-Mirim
Forma para rapadura no Engenho Mucuripe
Engrenagens - Engenho Mucuripe, Ceará-Mirim
Engrenagens abandonadas
"O velho engenho lá ficou, desmanchando-se pedra por pedra. Os maquinismos foram vendidos ou enferrujam, na sepultura das moitas, enquanto a erva cresce, silenciosa, afogando os alpendres, cobrindo como um sudário implacável, a bagaceira morta" 
Edgar Barbosa


Engenho Verde-Nasce, Ceará-Mirim
Engenho Verde Nasce
IMG_3246 (2)
As ruínas emolduram o verde
IMG_3232_3_4
E ainda resistem
Ruínas da Usina Ilha Bela - Ceará-Mirim
Entardecer traz o dourado para as ruínas da Usina Ilha Bela

Decepção

Fiquei muito impressionado com o descaso do Poder Público em relação à chamada Rota dos Engenhos. Sem nenhuma preservação, as ruínas são tomadas pelo mato e ficam sujeitas à ação de vândalos. A deterioração é visível e causa tristeza. Sob certos aspectos, chegar perto dos edifícios é um risco à segurança dos visitantes.

É difícil aceitar como o Município e o Estado deixam isso acontecer. Não fosse pela preservação da memória – por si só, algo muito importante – os sítios históricos poderiam fomentar negócios associados ao turismo, principalmente nos segmentos rural, pedagógico e histórico. Uma pena.

“Um país sem memória perde a sua identidade e, deixando de saber quem foi, dificilmente saberá que é e o que vai ser”
José Jorge Letria

Turma de Fotografia, com Célio Ricardo
Turma da Expedição Fotográfica
Foto de Célio Ricardo

2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...