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Seu Francisco e os caminhantes |
Ao final do 3º dia de caminhada, já havíamos acumulado mais de 88 Km de percurso e um trecho menor veio bem a calhar. Saímos da pousada em Barcelona às 07:00 e seguimos em direção à São Tomé, distante apenas 18 Km, mantendo um ritmo mais tranquilo.
Logo após a saída, paramos para dar um alô a Seu Francisco em sua casa e fomos margeando a estrada sem acostamento. O trecho não apresentava muitas novidades, mas eis que vimos um carcará pousado em um arbusto, bem próximo do asfalto. Pensamos que ele voaria tão logo chegássemos perto, mas não foi o caso.
Descobrimos uma pequena corrente ainda presa à pata da ave, o que nos levou a crer que o infeliz foi criado em cativeiro, o que justificava o motivo de não ser arisco.
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Carcará posando para a foto |
Mantivemos nossa prática de parar um pouco a cada 2 horas para descansar brevemente e cuidar dos pés. Neste trecho, aproveitamos a varanda da casa de uma simpática senhora. Água gelada, cadeira de balanço, café e conversa na sombra. Caminhar no sol quente parece, de repente, algo fora de propósito.
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Descanso na varanda |
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E papo na cadeira |
Mas, caminhar é preciso e vamos adiante pela RN-203, atraindo a curiosidade das pessoas e dos animais
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Quem são esses doidos que caminham neste Sol de rachar? |
Pouco depois, Moab pára em um mercadinho e fez uma boa descoberta. Dindins baratos e muito bem feitos, de sabores como açaí com banana, graviola, iogurte, etc. Não sabe o que é um dindin? Poderíamos simplesmente dizer que é um suco congelado vendido em saquinhos plásticos. Quando você encontra essas delícias vindo de uma caminhada ao sol, é muito mais que isso. É a oportunidade de, num breve instante, voltar a ser criança e rir de satisfação com as coisas simples que chegam no momento certo.
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Dindins |
Chegamos para o almoço em São Tomé, cruzando o pórtico da cidade. Aliás, essas construções inevitavelmente nos faziam pensar sobre a prática contumaz de gastar o dinheiro dos impostos em algo que não é prioritário, considerando toda sorte de necessidades de nosso povo.
Aproveitamos o tempo livre para lavar as roupas e descansar. O calor de São Tomé não encorajava nenhuma saída do ar condicionado da Pousada Rio Potengi, de modo que só nos animamos a bater perna lá para o final da tarde. E quem encontramos? Seu Francisco! Veio de Barcelona e, mesmo sem ter dito, tivemos certeza que seu objetivo naquela pedalada era nos dar uma pomada para os calos. Sabendo que o medicamento era muito mais necessário a ele que a nós, recusamos educadamente a gentileza, argumentando que já estávamos bem medicados. Acabamos convidando-o a tomar um açaí conosco.
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Seu Francisco provando uma tigela de açaí |
Foi muito gratificante conhecer uma pessoa tão humilde e tão digna do nosso respeito. Sr Francisco, o maior ciclista da região.
ResponderExcluirVerdade, Rosana !
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