domingo, 24 de março de 2019

Caminho de Santiago–Leon-Compostela-01

Oito anos depois de realizarmos o Caminho de Santiago pela rota portuguesa retornamos às terras d'Espanha para uma segunda caminhada na icônica rota do Caminho Francês, desta vez em companhia de nosso casal amigo Marcos e Rossana. O ponto de partida comum para esta rota é a cidade de Saint-Jean-Pied-de-Port, que fica a cerca de 800 Km de Santiago de Compostela. Todavia, nossa limitação maior (prá variar) era o tempo disponível, de modo que decidimos iniciar na cidade de Léon, resultando em uma desafiante média de cerca de 31 Km/dia.

Relatos da rota portuguesa: Parte 1 e Parte 2

Chegada a León


Saímos de Recife, no calor sufocante do início de março, com escala em Salvador e daí por vôo da Air Europa com destino a Madri. De início, nossa preocupação era com o horário de chegada e o tempo que teríamos para tomar o trem até León. A pequena demora na autorização para pouso no Aeroporto de Barajas foi compensada com a liberação extremamente rápida na imigração. 


Chegar ao aeroporto era apenas o começo. Após uma rápida consulta ao balcão de informações, tomamos o transfer para o Terminal 4, imprimimos o ticket para o Tren de Cercanías (trem suburbano) que nos levou até a estação de Chamartín, de onde finalmente partimos para León – e ainda deu tempo para almoçar antes de partir.

A viagem entre Madri e León durou cerca de duas horas e vinte minutos e fomos recepcionados por uma chuva leve, mas contínua que nos obrigou a estrear os ponchos enquanto caminhávamos para descobrir onde ficava a pousada que havíamos reservado. Entre indas e vindas, paramos para comprar um chip para uso local do celular e seguir através do Google Maps. A decisão de comprar o chip se revelaria fundamental para conseguir nossas hospedagens ao longo do caminho, como revelaremos nos capítulos seguintes.

Pose na chuva 1. Foto de Marcos Costa

Pose na chuva 2. Foto de Marcos Costa
Chegamos à Hospederia Rincón de León, fizemos o check-in e fomos informados das opções locais em um bombardeio de sugestões pelo responsável. Nos instalamos e saímos para comer. Acabamos em uma das opções sugeridas – o bar Las Tapas, onde uma cerveja acompanhava um tiragosto (tapa em espanhol) por 2,25 euros. Bom começo.

Ao voltar para a pousada, mais algumas tarefas que se tornariam rotina no caminho: lavar peças de roupa e arrumar a mochila. 

León – Hospital de Órbigo (39 Km)


Iniciamos o caminho.Saímos por volta das 07:20, ainda amanhecendo, para tomar el desayuno em um hotel próximo e daí seguir para a bela Catedral de León onde começaríamos a nos orientar para famosas setas amarelas. Percorremos um bom trecho dentro da cidade de León, observando as pessoas seguindo para sua vida cotidiana.

Rosana e o Peregrino descansando os pés

Marcos, Rossana e Rosana em frente à Catedral de León
Siga a seta. Foto de Rosana Soares


Foto da placa com indicação do caminho alternativo
Nosso plano inicial era dormir em San Martín del Camino, com um trecho de pouco mais de 24 Km para o dia. Porém, na cidade de La Virgen del Camino, optamos por seguir a rota alternativa por ser mais bonita e para evitar caminhar às margens da rodovia. De fato, o percurso foi bem interessante, embora fosse mais longo. Ao final, essa decisão acrescentaria 15 Km ao que havíamos planejado para o 1º dia. Vamos aos detalhes.

Caminhamos com alternância entre trechos rurais e pequenas cidades (Oncina de la Valdoncina, Chozas de Abajo, Villar de Marzarife). Na maior parte do tempo, havia ameaça de chuva, mas apenas o vento frio e as paisagens nos faziam boa companhia.


Em um destes povoados, paramos para comer , com direito a café e chocolate quente, graças às garrafas térmicas e insumos levados por Marcos e Rossana. Ótimo para repor as energias e o ânimo.

Café no caminho, Foto de Marcos Costa

Seguimos adelante. No caminho alternativo, tínhamos a expectativa de dormir em Villavante, onde haviam duas opções de hospedagem. Pouco antes de chegar na cidade, uma chuva fina nos apanhou, apenas para deixar o corpo úmido e aumentar a sensação de frio (ou para testar a persistência dos caminhantes logo no 1º dia). Ok, sem problemas. Já avistávamos as sinalizações da primeira hospedagem (Albergue Santa Lucia) e logo estaríamos aquecidos. Ledo engano: cerrado era o que nos dizia a placa na porta.

Partimos para a segunda opção – uma pousada no estilo Turismo Rural. Marcos caminhou na frente e foi atendido pelo proprietário. Sem chance – também não estavam recebendo hóspedes. Ducha de água fria, se é que já não estávamos frios o bastante. Para compensar, o casal responsável nos convidou para tomar um café. Aceitamos de imediato e saboreamos um cafezinho com bolachas com canela. Foi o suficiente para encarar mais 3,5 Km até a cidade de Hospital de Órbigo, tanto que recusamos a gentil oferta de D. Mercedes que queria nos levar de carro até lá. Ficamos agradecidos pela acolhida temporária e quem sabe uma próxima ocasião nos hospedamos lá: Hotel Molino Galochas.
Ao sair do Molino Galochas, quase fomos atropelados pelo rebanho de ovelhas. Tá com insônia? comece a contar quantas eram. Foto de Rossana Guessa

Percorremos os últimos quilômetros com a luz do dia já chegando ao final e, com auxílio do Google Maps e de informações colhidas por Rosana, finalmente chegamos ao hotel El Paso Honroso no início da noite. Ufa !! começamos prá valer. Jantamos um menu de salada de batatas, carne e batatas fritas, acompanhado de vinho no restaurante do próprio hotel e descansamos merecidamente. 




Dica:

Nosso amigo Batista nos deu a dica de levar uma bolinha de frescobol e usá-la para massagear os pés cansados. Funcionou perfeitamente!!
Nota:

A dificuldade de conseguir hospedagem  é comum no mês de março, uma vez que a “temporada” começa a partir de abril. É importante programar reservas ou verificar previamente. Vivemos este aprendizado ao longo do caminho. Acompanhem as próximas postagens. Utreya!!



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