Saindo de Deboche |
“Montanhas devem ser escaladas com o menor esforço possível e sem desejo. A realidade de sua própria natureza, deve determinar a velocidade. Se você tornar-se inquieto, acelere. Se você ficar sem fôlego, vá devagar. Você deve subir a montanha em um equilíbrio entre a inquietação e a exaustão. Então, quando você não está mais pensando no futuro, cada passo não é apenas um meio para um fim, mas um acontecimento único em si mesmo. Esta folha tem bordas recortadas. Esta rocha parece solta. Deste lugar a neve é menos visível, embora mais próxima. Estas são as coisas que você deve observar. Viver apenas para um objetivo futuro é superficial. São os lados da montanha que sustentam a vida, e não o topo. Aqui é onde as coisas crescem. Mas, claro, sem a parte superior você não pode ter nenhum lado. É o topo que define os lados”
Vidro da janela do quarto |
O planejamento para o 6º dia de caminhada, onde saímos de 3800 para 4300m, era visitar o mosteiro de Pangboche, para receber as bençãos do Lama. Entretanto, uma das expedições com montanhistas que iriam escalar o Everest já havia se programado para passar lá e, como a cerimônia iria durar pelo menos umas 2 horas, ficou decidido que faríamos a visita na volta, sem parar naquele vilarejo.
Grande parte do caminho até Dingboche é feita margeando despenhadeiros e logo quando saímos, o vento frio nos obrigou a usar os anoraks. A latitude da região do Everest, entretanto, é 28º N, ou seja, pouco além do Trópico de Câncer. Assim, bastava o sol aparecer para amenizar o frio. Também começamos a perceber que a vegetação vai se tornando mais escassa. Arbustos vão substituindo as vistosas coníferas das altitudes inferiores.
Pose para foto no frio |
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Vale com os terraços de agricultura delimitados pelos muros de pedra. No horizonte, o Ama Dablam |
Vilarejo de Dingboche. Ficar aqui é uma boa alternativa à Periche (cerca de 200m abaixo), pois é mais ensolarado e menos sujeito aos ventos gelados. |
À noite, assistimos o vídeo “Tocando o vazio” (Touching the Void), um documentário que conta a história real e quase trágica da ascensão de uma montanha de 6000 m nos Andes Peruanos. A incrível persistência de um dos protagonistas é, certamente inspiradora, embora ninguém queira passar nem um pouquinho do que ele viveu.
E para fechar, tivemos uma pequena festa no restaurante. Os sherpas cantaram músicas nepalesas ao som do tambor e gaita. Apesar do cansaço, até arriscamos uns passos de forró. Não estranhe. Pode ter sido os efeitos da altitude
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Ei Jodrian,
ResponderExcluirLindas fotos!
Não consigo nem imaginar o frio que passaram. Só de ver a foto da janela eu já fico congelando!
Abraços,
Lillian.
Obrigado, Lillian
ExcluirEra um frio danado, mas os sacos de dormir e os agasalhos funcionaram bem :)
Abraço
Bela descrição e narração, expedição fantástica!
ResponderExcluirObrigado, Damião Carlos
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