![Saindo de Deboche Deboche](http://lh6.ggpht.com/-rtQMvsCCbLc/Ua83UUwNRBI/AAAAAAAAF1Q/QFkBP2K5nhw/Saindo%252520de%252520Deboche_thumb%25255B1%25255D.jpg?imgmax=800) |
Saindo de Deboche |
O trekking em altitude sempre representa um bom desafio e cada dia cobra sua cota de esforço dos caminhantes. Frio, oxigênio cada vez mais rarefeito, subidas e descidas. Ficamos pensando que tudo isso é parte de um projeto maior, que há um objetivo ao final, mas também não podemos viver apenas pensando no futuro ou corremos o risco de não apreciar as belezas que aparecem a cada curva da trilha. Esta dualidade já foi descrita por Robert Pirsig, autor do livro Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas:
“
Montanhas devem ser escaladas com o menor esforço possível e sem desejo. A realidade de sua própria natureza, deve determinar a velocidade. Se você tornar-se inquieto, acelere. Se você ficar sem fôlego, vá devagar. Você deve subir a montanha em um equilíbrio entre a inquietação e a exaustão. Então, quando você não está mais pensando no futuro, cada passo não é apenas um meio para um fim, mas um acontecimento único em si mesmo. Esta folha tem bordas recortadas. Esta rocha parece solta. Deste lugar a neve é menos visível, embora mais próxima. Estas são as coisas que você deve observar. Viver apenas para um objetivo futuro é superficial. São os lados da montanha que sustentam a vida, e não o topo. Aqui é onde as coisas crescem. Mas, claro, sem a parte superior você não pode ter nenhum lado. É o topo que define os lados”
![Vidro com gelo Vidro com gelo](http://lh5.ggpht.com/-UOS-I_h7PJY/Ua83VwFWYXI/AAAAAAAAF1g/YDvWQq2H8h0/Frio._thumb.jpg?imgmax=800) |
Vidro da janela do quarto |
Deixando a filosofia um pouco de lado, despertar e sair do saco de dormir quentinho para receber o chá oferecido pelos sherpas não é tarefa fácil. Os quartos dos lodges não têm um grande isolamento térmico e tampouco aquecimento. Infelizmente, não levamos um termômetro para fazer os registros, mas o vidro com gelo acumulado na janela já dá uma idéia da temperatura durante a noite.
O planejamento para o 6º dia de caminhada, onde saímos de 3800 para 4300m, era visitar o mosteiro de Pangboche, para receber as bençãos do Lama. Entretanto, uma das expedições com montanhistas que iriam escalar o Everest já havia se programado para passar lá e, como a cerimônia iria durar pelo menos umas 2 horas, ficou decidido que faríamos a visita na volta, sem parar naquele vilarejo.
Grande parte do caminho até Dingboche é feita margeando despenhadeiros e logo quando saímos, o vento frio nos obrigou a usar os anoraks. A latitude da região do Everest, entretanto, é 28º N, ou seja, pouco além do Trópico de Câncer. Assim, bastava o sol aparecer para amenizar o frio. Também começamos a perceber que a vegetação vai se tornando mais escassa. Arbustos vão substituindo as vistosas coníferas das altitudes inferiores.
![Pose para foto no frio Frio Anoraks](http://lh3.ggpht.com/-nd_aW6qmLEo/Ua83YCi7qPI/AAAAAAAAF1w/u8jGuiMKiU8/frio_thumb%25255B1%25255D.jpg?imgmax=800) |
Pose para foto no frio |
![Caminhada Caminhada](http://lh5.ggpht.com/-IwbjZSfCkPA/Ua83aIghOSI/AAAAAAAAF2A/Phax-rqJQWw/Caminhada_thumb%25255B1%25255D.jpg?imgmax=800) |
Subida |
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![Pinturas com motivos religiosos Pinturas com motivos religiosos](http://lh6.ggpht.com/-zoveVqmCbsY/Ua83cJdy_GI/AAAAAAAAF2Q/g02lzfW1Pr0/Pinturas%252520com%252520motivos%252520religiosos_thumb%25255B1%25255D.jpg?imgmax=800) |
Pinturas com motivos religiosos |
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![No caminho para Dingboche 2 No caminho para Dingboche 2](http://lh6.ggpht.com/-15vde_elvA0/Ua83eRF5g5I/AAAAAAAAF2g/mImf3qdovgc/No%252520caminho%252520para%252520Dingboche%2525202_thumb%25255B5%25255D.jpg?imgmax=800) |
Vale com os terraços de agricultura delimitados pelos
muros de pedra. No horizonte, o Ama Dablam |
Alguns membros do grupo tiveram diarréia, mas nada grave e os efeitos da altitude causaram dor de cabeça em vários outros. O monitoramento diário com oxímetro, realizado pelo Manoel Morgado, foi ótimo para descartar algum diagnóstico mais preocupante. Afinal, a 4300m temos aproximadamente 60% do oxigênio disponível ao nível do mar e esse percentual só diminui com a altitude. Daí, é normal a redução na saturação de oxigênio no sangue e o aumento na freqüência cardíaca.
Como chegamos mais cedo ao lodge, descansamos um pouco e ficamos conversando na área mais aconchegante de qualquer hospedagem: o restaurante - com seu aquecedor movido a
esterco de yak. Para variar o cardápio, finalmente compartilhamos o queijo provolone e o salame que Vitor e Maia conseguiram trazer do Brasil e sobre os quais faziam propaganda há dias. Ótimos!
![Vilarejo de Dingboche Vilarejo de Dingboche](http://lh6.ggpht.com/-yATOTevCp1s/Ua83iSM1NNI/AAAAAAAAF3A/C-8YT6LI3QQ/Vilarejo%252520de%252520Dingboche_thumb%25255B1%25255D.jpg?imgmax=800) |
Vilarejo de Dingboche. Ficar aqui é uma boa alternativa à Periche (cerca de 200m abaixo),
pois é mais ensolarado e menos sujeito aos ventos gelados. |
À noite, assistimos o vídeo “Tocando o vazio” (
Touching the Void), um documentário que conta a história real e quase trágica da ascensão de uma montanha de 6000 m nos Andes Peruanos. A incrível persistência de um dos protagonistas é, certamente inspiradora, embora ninguém queira passar nem um pouquinho do que ele viveu.
E para fechar, tivemos uma pequena festa no restaurante. Os sherpas cantaram músicas nepalesas ao som do tambor e gaita. Apesar do cansaço, até arriscamos uns passos de forró. Não estranhe. Pode ter sido os efeitos da altitude
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Ei Jodrian,
ResponderExcluirLindas fotos!
Não consigo nem imaginar o frio que passaram. Só de ver a foto da janela eu já fico congelando!
Abraços,
Lillian.
Obrigado, Lillian
ExcluirEra um frio danado, mas os sacos de dormir e os agasalhos funcionaram bem :)
Abraço
Bela descrição e narração, expedição fantástica!
ResponderExcluirObrigado, Damião Carlos
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