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Iniciando a caminhada de volta |
Começamos o dia com sensações diferentes. A satisfação por ter conseguido atingir objetivos fantásticos e aquela ponta de tristeza por saber que já estávamos de volta. Mas é disso que são feitas as viagens – idas e voltas, imaginando novos sonhos para ocupar a mente a alma a cada nova aventura realizada.
Começamos a caminhar às 08:00, com um vento mais forte aumentando a resistência a ser vencida. Em compensação, a redução da altitude trazia seus efeitos benéficos. O corpo estava com um “crédito” fisiológico, que se traduz em um melhor desempenho. E é por isso que conseguimos voltar na metade do tempo gasto para ida.
Gorak Shep – Lobuche – Thukla – Dingboche
O tempo com céu azul foi acabando. Muitas nuvens traziam um visual novo às montanhas e uma sensação térmica de frio bem maior. Passamos direto por Lobuche e paramos em Thukla para o indefectível
Lemon Tea, após 3,5 horas de caminhada. Descansamos um pouco e seguimos pelos mesmos caminhos trilhados há poucos dias.
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Beleza em outros tons |
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Parecem formiguinhas |
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Entre Thukla e Dingboche, começaram a cair flocos de neve bem pequenos, quase imperceptíveis e o vento nos obrigava a usar os anoraks todo o tempo. Frio, bem frio, principalmente quando parávamos um pouco para descansar. Estávamos ansiosos para o aconchego de um lugar bem aquecido e as pernas já reclamavam um pouco pelo esforço constante da descida. Entretanto, não deixávamos de comentar como as paisagens vestidas de cinza adquiriam uma beleza diferente daquela que vimos na ida.
Finalmente chegamos ao alto do vale de onde se vê o vilarejo de Dingboche, onde nos hospedamos para o pernoite – um desnível de uns 800 m abaixo de Gorak Shep!. Almoço, banho quente, roupa para frio e o conforto volta e revigorando a todos. À tardinha, fomos apresentados ao rum nepalês (
Kukri XXX Rum) – Sim, o Nepal também produz açúcar!. Com sabor diferente do rum caribenho, estava gostoso e animou as partidas de carteado. Cada garrafinha custava entre 5 e 6 dólares e o grupo foi revezando nas aquisições.
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Visão de Dingboche |
Dingboche – Pengboche – Deboche
Nevou durante a noite e a manhã do dia 11 de abril surgiu muito bonita, com o solo e as encostas cobertas de neve, mas com céu azul. Na minha opinião, o 2º dia mais bonito de toda a expedição (só perdendo, obviamente, para o dia em que subimos o
Kala Patthar).
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Dingboche com neve |
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Neve |
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No meio do caminho tinha uma casa de pedra |
Não tínhamos pressa e com um visual assim à disposição, fui ficando para trás, junto com o Ronaldo (“Doctor”) e mais um sherpa, ambos parando com freqüência para fotografar e filmar. Grande vontade de ficar parado, simplesmente contemplando tudo aquilo.
Como se não bastasse o belo espetáculo da natureza, tínhamos um compromisso muito bacana: a visita ao
Lama Geshe, do Monastério de Pengboche. O plano inicial era ter feito a visita na ida, mas não foi possível. Então, receberíamos as bençãos para a volta.
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Pangboche |
Todos os montanhistas que aspiram subir o Everest pelo lado nepalês (e também outras montanhas da região) passam no Monastério para receber as bençãos deste Lama. Muitos tiram fotos nos cumes com o cartão que o Lama assina e depois colocam estas fotos no interior da sala onde as pessoas são atendidas. É curioso observá-las.
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Nosso grupo à espera no Monastério |
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Fotos de escaladores |
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Um a um, os integrantes de nosso grupo foram recebidos pelo simpático Lama, que abençoou as katas e depois assinou os cartões que adquirimos. Tudo acompanhado pela saudação tibetana
Tashi Delek, equivalente ao
namastê nepalês.
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Rosana recebendo as bençãos do Lama Geshe |
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A vez de Jodrian |
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Lama Geshe preparando os cartões com saudações tibetanas |
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A visita foi encerrada com explicações feitas pelo Lama em tibetano sobre o
Om Mani Padme Hum, que era traduzido para o inglês e daí para o português. Segundo o que um dos sherpas nos explicou, há duas formas de se tornar Lama: reencarnando um Lama que morreu ou através de estudos para posterior avaliação. O Lama Geshe alcançou este posto na hierarquia religiosa budista através de estudo.
Terminada a excelente visita, seguimos para Deboche, penúltimo dia de caminhada. Mas isso é relato para outro post
Outros posts da série
Como a paisagem ficou ainda mais linda com neve! :)
ResponderExcluirAbraços,
Lillian.
Com certeza, Lillian.
ExcluirFoi o que a Natureza nos ofereceu como brinde :)
Abraço,
Jodrian
Neste dia eu estava com uma diarreia considerável, mesmo tomando todos os cuidados de purificação de água, exclusão de alimentos crus e uso constante do álcool gel. O que salvou o meu dia foi a suavidade, gentileza em que fomos recebidos no Monastério. O lama Geshe abençoou o nosso retorno com sua simplicidade e com um largo sorriso. Foi um dos momentos mais marcantes de toda a viagem ao Nepal.
ResponderExcluirDe fato, Rosana. Foi um desafio a mais e uma experiência muito bacana!
ExcluirAs fotos estão realmente impressionantes. Acho também interessante a serenidade desses Lamas. Parece que tudo está sempre tranquilo. Deve ser por causa das montanhas...
ResponderExcluirAcho que tudo contribui. O ambiente, a cultura budista, a alegria de uma jornada fantástica. Um daqueles momentos onde parece que quase tudo é como deveria ser.
ExcluirAbração