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Mercado Local |
É impossível aproveitar o que o Nepal tem a oferecer sem conhecer um pouco de sua religiosidade. O culto às deidades hindus (cerca de 85% da população é hinduísta) ou a prática da filosofia budista (cerca de 10%) está presente no dia-a-dia de forma muito intensa.
E não é fácil processar tanta informação. Tivemos o privilégio de contar com Manoel Morgado que, além de experiente no montanhismo, conhece bastante da cultura nepalesa.
No 2º dia no Nepal, tivemos uma pequena introdução sobre a história do país e seguimos à pé para conhecer mais detalhes do cotidiano em Kathmandu. Percorrendo os tempos e praças, começamos a conhecer as características do panteão hindu.
Um pouco do hinduísmo
Para começar, os deuses e deusas não competem entre si. São manifestações diferentes de um princípio único. A mais importante representação é a
Trimurti: Brahma (ou Braman), Vishnu e Shiva.
Brahma é o criador do universo, casado com
Saraswati – deusa da sabedoria e da ciência. É representado com quatro faces com barba e com quatro braços. Não há um rito específico para culto à Brahma e isso talvez explique a ausência de templos.
Vishnu é o Senhor da proteção, sustentação e manutenção. Sua esposa é a deusa
Lakshmi, que representa a riqueza material, sucesso, alimento, coragem. “Vishnu e Lakshimi auxiliam, desta forma, as almas introduzidas no ciclo vital por Brahma a sobreviverem”. Entre os avatares de Vishnu, os mais conhecidos são Buda, Rama e Krishna.
Shiva é o destruidor ou renovador, casado com
Parvati.
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Nesta bela imagem de Shiva, observamos alguns de seus símbolos: a lua crescente, o trisul (tridente), a cobra Vasuki ao redor do pescoço, um damaru (pequeno tambor simbolizando a energia criativa), o colar de rudraksha, entre outros.
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Em contraste, esta representação de Shiva é a Kala Bhairab. Fica em atrás do templo Jagannath, na Durbar Square. Os devotos acreditam que, quem contar uma mentira na frente da estátua, morre instantaneamente (pelo sim e pelo não, melhor falar a verdade)
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Cada divindade possui seu veículo sobre o qual viaja e representa as várias forças que o deus ou deusa conduz. Podemos reconhecer a qual divindade um templo é dedicado, pelo veículo à frente da edificação. Exemplos:
O touro Nandi é o veículo de Shiva. Representa o poder bruto, a violência, a sexualidade e virilidade, que podem ser controlados com a ajuda de Shiva. |
O Garuda é um pássaro ou homem-pássaro, veículo de Vishnu. |
Outras divindades:
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Ganesh ou Ganesha – É o senhor que remove obstáculos, amplamente reverenciado. A cabeça de elefante simboliza sabedoria e compreensão. Na mitologia hindu, é filho de Shiva e Parvati. As duas presas representam dois aspectos da personalidade humana: sabedoria e emoção. Seu veículo (curiosamente) é um rato, que simboliza o ego, a ser dominado.
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Hanuman – General do exército dos macacos no épico Ramayana, onde ajudou Rama a derrotar Ravana. Quando o irmão de Rama, Lakshmana foi ferido, voou até o Himalaia em busca de uma erva medicinal. Não sabendo identificá-la, pegou a montanha inteira e levou até Lakshmana. Simboliza força física e mental, honestidade, sinceridade e lealdade
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Nos locais de oferendas, os devotos acendem
velas |
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O arroz está presente em todas as oferendas |
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Durbar Square
Neste 2º dia em Kathmandu visitamos a Durbar Square, ou praça do palácio, existente nas cidades que eram sedes dos reinos do Nepal, antes da unificação. Em Kathamandu, o conjunto também é conhecido como Hanumandhoka Durbar Square, em referência à estátua de Hanuman, localizada perto da entrada do palácio.
O acesso é feito mediante o pagamento de uma entrada no valor de 750 rúpias. Logo no início, vemos o antigo palácio que infelizmente foi parcialmente descaracterizado com uma reforma de influência européia. Ao lado, uma infinidade de ofertas de souvenirs.
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A parte branca é a que foi descaracterizada |
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Venda de souvenirs |
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O passeio é uma tortura (no bom sentido) para quem gosta de fotografar. Uma infinidade de detalhes e motivos atraem a atenção e as objetivas. É um mundo totalmente novo para os olhos ocidentais. Uma “overdose” de informações visuais.
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Telhados sobrepostos são típicos |
Na Durbar Square, entramos no pátio da residência da Deusa-viva Kumari. A
Kumari é uma menina, escolhida entre os 3 e 5 anos de idade e considerada reencarnação de uma deusa. Vive reclusa até a primeira menstruação (quando perde o posto) e só aparece em ocasiões especiais.
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Belos entalhes de madeira em todo o prédio, estilo Newari |
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Mas você pode comprar os postais vendidos na entrada.... |
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Detalhe de uma das toranas - painéis que ficam sobre as portas |
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Passeio de riquixá
Saímos da Durbar Square e fomos levados a experimentar um passeio de riquixá, puxado à bicicleta. Toda a turma saiu, em verdadeira disputa pelo espaço das ruas estreitas de Kathmandu. A todo instante achávamos que haveria uma colisão, mas no final, salvaram-se todos e foi bem divertido. Terminamos o dia com a compra dos equipamentos que faltavam para o trekking.
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À espera dos clientes |
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Todos a postos ? |
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De quem é a preferencial? |
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Acelera !! |
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Onde comer bem em Kathmandu
As indicações que recebemos (e aprovamos) não se referem apenas ao sabor dos pratos, mas também à confiança em questões sanitárias. Mais uma vez, todo cuidado é pouco na escolha dos locais para refeições:
- Restaurante La Dolce Vita – a especialidade é a comida italiana. Localizado no bairro do Thamel
- OR2K – Restaurante vegetariano e bem charmoso. As pessoas deixam os sapatos na entrada e sentam-se para comer em mesas baixas .Localizado na Mandala Street, bairro do Thamel
- Kaiser Café – Restaurante localizado dentro do bonito Garden of Dreams – quase um parque com áreas amplas e verdes, também no bairro Thamel. Para entrar no espaço (independente de ir ao restaurante, paga-se uma taxa de 200 rúpias). Ótimo e variado cardápio.
- Chez Caroline – Restaurante francês, situado dentro do Baber Mahal, um conjunto de restaurantes e lojas construído no que foram as antigas cavalariças de um palácio.
Para saber mais
Livro “Deuses e deusas hindus”, de Sunita Pant Bansal, editora Nova Era. 92p.
Outros posts da série:
Esse post foi uma aula dos deuses! :)
ResponderExcluirMuito interessante passear e fotografar um espaço diferente como esses.
Que tenso andar nesse tal de riquixá.
Abraços,
Lillian.
Lillian,
ExcluirVocês iriam ficar malucos com tanto motivo para fotografar :). Aliar o aprendizado de novas culturas à fotografia é magnífico. Quanto aos riquixás, bom...é turismo de aventura, né?
Abraços
Eu adorei o Nepal, e olha que só dois lugares: o Vale de Kathmandu e Pokhara. Foi uma viagem incrível.
ResponderExcluirRafael,
ExcluirAcredito que seja difícil não gostar deste país incrível :)
Abraço
Jodrian
Obrigado, Natalie !!
ResponderExcluirque legal esse post, Jodrian - quero muito conhecer Katmandu!
ResponderExcluirObrigado, Mari.
ExcluirVale a pena!. Há muita coisa interessante para conhecer. Breve publico mais um sobre a cidade :)
Abraço
Adorei o post! Mas não fiquei com vontade de ir não. Eu já mato minha curiosidade lendo esses posts e acompanhando a aventura alheia, hehehehe
ResponderExcluirObrigado, Gleiber
ExcluirMas pq não ficou com vontade? É uma cidade interessante :)
Abraço