domingo, 28 de abril de 2013

Kathmandu–Pashupatinah e Boudhanath

Pashupatinah Kathmandu Nepal
Visão do local onde ocorrem as cremações
Os nomes são difíceis de pronunciar, mas certamente visitar o Pashupatinah e o Boudhanath trazem imagens e sensações que permanecerão muito tempo na memória.

São destaques da religiosidade de um povo, em uma cidade repleta de ícones e locais de devoção.

Nosso 3º dia em Kathmandu e o último antes de embarcar para o trekking ao Acampamento Base do Everest foi uma ótima oportunidade de conhecer um pouco mais do cotidiano desta interessante cidade.

Pashupatinah


É um templo dedicado à Shiva (veja mais informações em nosso post anterior), em sua manifestação como Pashupati – o Senhor dos Animais. A área é, na verdade, um complexo de santuários e templos, além da área onde estão dispostos os locais de cremação dos mortos.

Logo após a entrada, que custa 500 rúpias aos estrangeiros, há várias lojas e ambulantes vendendo artesanatos:

Colar de Rudraksha
Ticket Pashupatinah
Ticket de entrada
Na figura ao lado, colares feitos com sementes de Rudrakshas, semelhantes a uma noz. Os preços dos colares variam em função do número de linhas que a semente contém. Budistas e hinduístas utilizam estes colares (ou malas) para suas orações e mantras

Andamos um pouquinho mais e chegamos à área onde observamos o processo de cremação dos mortos. Momento de pausa e o grupo ficou um tanto silencioso. Nossos paradigmas sobre morte – que envolvem luto, pranto, recolhimento e privacidade – demoram um pouco a entender os rituais na outra margem do poluído rio Bagmati, onde tudo acontece de forma pública e sem dramas.

Na verdade, a morte é encarada pelos hindus como parte de ciclo eterno de nascimentos, mortes e renascimentos: “Certa é a morte do que nasce, e certo é o  nascimento do que morre” (Bhagavad-gītā)

Cremação no Rio Bagmati em Kathmandu
Funcionário prepara a lenha a ser utilizada na cremação de um corpo
Cremação no Rio Bagmati em Kathmandu
Hindu raspa o cabelo, em preparação para conduzir o ritual de cremação. Normalmente, é o filho mais velho que lidera.

Cremação no Rio Bagmati em Kathmandu
Corpo sendo cremado. Quem conduz o ritual carrega o corpo e circula por três vezes, antes de ser depositado na pira.

Cremação no Rio Bagmati em Kathmandu
Várias cremações ocorrem simultaneamente
Rio Bagmati em Kathmandu
Um retrato da pobreza: enquanto um corpo é preparado à esquerda,
um garoto cata moedas na lama do rio
Enquanto os ritos funerários acontecem, macacos vivem livremente no local e parecem não se importar com toda a movimentação:

Macaco em Pashupatinah Macacos em Pashupatinah

Continuamos a percorrer a grande área do Pashupatinah, registrando outros aspectos do hinduísmo:

Vacas sagradas Pashupatinah
Vacas são consideradas sagradas
Religioso
Religioso
ShivaLinga
Linga ou Lingam, o símbolo fálico de
Shiva, associado a seu poder criador. 
A base é a Yoni, que representa o órgão sexual feninino.
Saddhu
Fontes em Pashupatinah
Fontes de água
Na foto ao lado, um Saddhu, ou asceta. Alguém que escolhe uma vida voltada para o lado espiritual, fazendo o mudra (gesto com as mãos) Gyan – relacionado ao conhecimento, tranquilidade e concentração.  Não confundir com aqueles homens vestidos e pintados com cores vivas e procurando turistas para serem fotografados em troca de rúpias, comum nas áreas mais turísticas de Kathmandu

Entrada templo Hindu
Entrada do tempo hindu. Apenas os hindus tem acesso ao interior.
É possível ver a grande estátua do touro Nandi (veículo de Shiva) e as
imagens de Ganesh à esquerda e Shiva à direita


Boudhanath


Seguimos para o Boudnath, o maior e mais ativo templo budista do Nepal, que está situado no coração do bairro budista.

Antes de caminhar pela área que inclui diversas lojas de artesanato, restaurantes e templos, paramos para almoçar, experimentando pratos vegetarianos, o aue seria uma prática durante todo o trekking.

Almoço com pratos vegetarianos Almoço com pratos vegetarianos 02

Logo na entrada avista-se a enorme Stupa, com uma altura de 36 metros. A representação dos olhos de Buda pode ser vista nos quatro lados acima da cúpula, significando sua onisciência. Uma belíssima edificação:

Boudhanath 01
Percorre-se a stupa sempre no sentido horário
Boudhanath 02
Observando a revoada
Boudhanath Bandeirinhas de orações 01
Bandeirinhas de orações, onipresentes no budismo
Boudhanath 03
Visão da stupa, com seu entorno
Vale a pena investir um tempo para observar a
movimentação no local.  
Cilindro de orações
Cilindro de orações
Pilar decorado
Detalhe de um tempo budista
monge
Monge

Para saber mais


 Morte no Hinduísmo: Transmigração e Libertação
Livro "Em que acreditam os budistas?" - Tony Morris - Ed. Civilização Brasileira, RJ - 2010.

Outras dicas


Compras – Tudo é negociado em Kathmandu. Desde o preço de uma corrida de táxi (que deve ser combinado antes) até os artefatos mais caros. Faz parte do processo de comprar. Então, não tenha receio e ofereça 40% do valor pedido. Você chegará a um preço adequado ao final.

O bairro do Thamel é onde está a maior concentração de lojas, tanto de equipamentos como souvenirs. Falando em equipamentos, há lojas de marcas (Mountain Hardwear, North Face, Black Yak, Millet) e uma infinidade de outras que vendem as falsificações – algumas muito bem feitas. Os preços são bem menores que no Brasil.

Namastê  - A saudação budista é muito comum no Nepal. Significa: “O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você”. Não há divindade no budismo. Sidarta Gautama mostrou o caminho aos budistas. Aliás, Buda é um título honorífico, que significa "Iluminado".

Om Mani Padme Hum - Mantra de seis sílabas do Bodisatva da compaixão. Utilizado nas orações budistas, que são entoadas seguindo as contas do Mala (colar). Também são escritos e depositados dentro dos cilindros de orações ou esculpidos em rochas.

Outros posts da série


1 - Como é !? Vão subir o Everest?
2 - Chegada à Kathmandu
3 - Explorando Kathmandu
4 - Kathmandu–Pashupatinah e Boudhanath
5 - Voando para um dos aeroportos mais extremos do mundo (Lukla)
6 - Começamos a jornada! Caminhada até Monjo
7 - Namche Bazaar
8 - No caminho para Thamo, a visita a monges budistas
9 - Rumo ao Everest Base Camp: chegamos aos 4000 metros
10 - Como as cargas são transportadas no Himalaia
11 - A caminhada continua. Rumo à Deboche
12 - Sol e esterco: fontes energéticas no Himalaia
13 - Os desafios continuam: caminhada até Dingboche
14 - Uma curta caminhada, lindas paisagens e um desafio
15 – Entrevista com Manoel Morgado
16 – Lobuche e o Memorial aos Sherpas mortos
17 – Quase Lá: Gorak Shep
18 – Kala Patthar: 5500m e a melhor visão do Everest
19 –  Acampamento Base do Everest:Objetivo conquistado
20 – Retorno do Acampamento Base do Everest – de Gorak Shep a Deboche
21 – Terminando a caminhada: de volta a Lukla

14 comentários:

  1. Qual o significado da expressão: Om Mani Padme Hum

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rosana,
      Boa pergunta...A gente vê as preces sendo recitadas e escritas, mas não reflete sobre seu significado. Um bom texto explicativo, do Dalai Lama, está neste link -> https://sites.google.com/site/hesicos/ommani
      Beijo

      Excluir
  2. Belas fotos, Jodrian.
    É mesmo impressionante a diferença cultural principalmente nessa cerimônia de cremação.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Lillian
      A gente vai aprendendo a enxergar e aceitar as diferenças culturais como mais um aspecto da realidade, evitando criticá-las por não se enquadrarem em nossa visão de certo e errado. É um grande aprendizado.
      Abraço
      Jodrian

      Excluir
  3. Oi, Jodrian. Tudo bem? :)

    Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.

    Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

    Até mais,
    Natalie - Boia

    ResponderExcluir
  4. Jodrian/Rosana,

    Tenho acompanhado seus post sobre o Nepal e, como participante da EXCURSÃO, posso afirmar que está muito bom! Tenho usado como referência para muitas das fotos que tirei e não lembrava mais do que se tratava.
    Tô ancioso para a parte da trilha pois, não lembro mais os nomes daqueles MORROS.

    []'s
    Reinaldo
    Que o MM não leia esses comentários!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito Obrigado, Reinaldo !!
      Escrever os posts também me ajudar a referenciar minhas próprias fotos. Foram muitas informações para processar!
      No próximo post vou tratar do "passeio" de Kathmandu à Lukla :)
      Grande abraço
      Jodrian/Rosana

      Excluir
  5. Seus relatos nos faz participar das cenas, como se estive lá!!! Viajo na forma que descreves e relatas, aprecio sem moderação. Abração!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Zeneide!.
      Que bom que podemos reviver, porque, ao final, a gente sempre acha que a viagem poderia durar mais
      Abraço,
      Jodrian

      Excluir
  6. Jodrian, falo viajar, inclusive; nas que não conheço e que não fui!!! Fico bem informada mesmo não tendo ido e n ter lido nada sobre a postagem!!! Eu viajo mesmo com o relato e a forma que vc descreve as coisas!

    ResponderExcluir
  7. Jodrian, a visita aos dois templos foi o auge do tempo que passamos em Kathmandu. Foi interessante ver Pashupatinath vindos de Varanasi, pois senti muita diferença no ambiente e no astral das cerimônias: em Varanasi você vê de longe, mulheres não são permitidas e há algo de pesado e soturno (como se espera, aliás). Em Kathmandu percebi que a família toda toma parte, que a cerimônia tem uma escala mais humana.
    Mas todas as duas são tocantes e nos fazem refletir sobre um tema que nossa sociedade ocidental trata como tabu.
    Ótimos posts, muito bom acompanhar a viagem de vocês!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado pelos comnetários, Emília
      Estes rituais nos fazem ver outras realidades e entender que há outras maneiras de encarar fatos da vida. Não sabia sobre Varanasi. Valeu !
      Grande abraço

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...