quarta-feira, 3 de julho de 2013

Acampamento Base do Everest: Objetivo alcançado !


Início da caminhada
Começando a caminhar
Ok…. O título está incompleto. Chegar ao ponto onde homens e mulheres se preparam para chegar ao topo do mundo é uma conquista muito, muito bacana. Mas, houve outros objetivos ao longo deste trekking maravilhoso. Havíamos alcançado o Kala Patthar e visto um Pôr de Sol magnífico. Avistamos diversas montanhas belíssimas. Conhecemos um pouco da rica cultura nepalesa. Convivemos com um grupo muito legal, liderado por um excelente guia. Superamos as distâncias e a altitude. Então, se começamos com um objetivo principal em mente, a jornada nos mostrou que alcançamos muito mais. No fundo, chegar ao Acampamento Base representou mais um belo marco, mas certamente não foi o único.
No dia 09 de abril de 2013, saímos às 09:00 de Gorak Shep em direção ao Acampamento Base do Everest, após os preparativos de sempre: carregar os cantis com água, passar protetor solar, fazer um pequeno alongamento muscular e checar equipamentos. O caminho cheio de pequenas subidas e descidas não é tão longo nem técnico, mas o corpo ainda se lembrava do esforço do dia anterior e cobrava mais persistência dos caminhantes.

Grupo preparando-se para caminhar
Grupo se preparando para sair
A trilha passa ao lado do Kala Patthar e segue margeando o Glaciar do Khumbu à direita, com suas morainas deixando transparecer, aqui e ali, o gelo que lhes serve de transporte. Rochas e gelo por toda parte:

Moraina

Carregadores e yaks frequentemente cruzam conosco, nos fazendo lembrar da logística necessária para manter as expedições durante as semanas de escalada ao Everest. Não é pouca coisa.

Após algum tempo de caminhada em ritmo lento, Rosana preferiu voltar à Gorak Shep. Sentia-se muito cansada e, consciente, preferiu preservar-se. Ainda teríamos todo o caminho de volta. Solicitamos que um sherpa a acompanhasse para a hospedagem e segui adiante.

Acampamento Base do Everest no canto inferior à esquerda
Os pontinhos amarelos à esquerda são as barracas do Acampamento Base, em frente ao
belo e perigoso Glaciar Khumbu
Com cerca de 2,5h de caminhada, às 11:30, cheguei ao Acampamento Base da maior montanha do mundo!. Na verdade, ao marco de pedra com as bandeirinhas de orações. Não fomos para o local onde as barracas estavam instaladas e acredito que não tínhamos mesmo porque ir. Melhor deixar a turma que vai escalar focada em seus preparativos. De todo modo, nos sentimos fazendo parte de tudo aquilo – ainda que fóssemos apenas observadores.

Acampamento Base do Everest Mascote

Após uma pausa para lanche e fotos, Morgado nos convidou a descer um pouco mais para o Glaciar do Khumbu, onde pudemos ter contato direto com o gelo que desce de um dos mais perigosos trechos da escalada ao Everest – a Cascata de Gelo do Khumbu. Muito bacana! Andamos um pouco pela área, cercados de paredes de gelo e com o sol refletido, por incrível que pareça, não estava tão frio.

Salto
Mônica fez a foto no exato instante em que
Morgado me dava um apoio para cruzar o riacho de
degelo
Glaciar 2
Sim! estamos na base do Everest!
Glaciar 1
Caminhando no Glaciar
Glaciar Khumbu
Trecho do glaciar, com o Changtse à esquerda e o ombro oeste do Everest à direita
Gelo, Morainas e ao fundo o Acampamento Base
Visão do Acampamento Base
Na volta ao Lodge em Gorak Shep, cruzamos com um grupo de brasileiros que seguia rumo ao Acampamento Base. Desejamos boa sorte e comentamos sobre suas fisionomias de cansaço – vem sempre aquele pensamento: “Já passamos por isso. E conseguimos”. Impossível não sentir uma ponta de orgulho.

À tarde, também curtimos um momento marcante. O Joel Krieger e o Carlos Canellas, que tentavam chegar ao cume do Everest, apareceram e ficaram conversando com o Manoel Morgado. Foi ótimo poder acompanhar a conversa sobre as estratégias de escalada, as experiências que já tiveram pelas montanhas do mundo, tudo em um papo descontraído e informal. É uma parte importante da história do montanhismo brasileiro ali ao lado, entre uma caneca e outra de chá. Não tem preço.

Escaladores
Da esquerda para direita: Ronaldo, Joel  Krieger, Fabiana, Morgado, Carlos Canellas,
Rosana, Jodrian e Reinaldo 
Acabou? Não !! Ainda temos o que contar e belas fotos da jornada de volta. Não percam !

Alguns resultados da temporada 2013 de escalada do Everest


Neste ano, quando se comemoram 60 anos da conquista do Everest por Edmund Hillary e Tenzing Norgay, 6 brasileiros tentaram o topo do mundo. Chegaram ao cume em 2013: Karina Oliani, Rodrigo Raineri (pela 3ª vez) e Jefferson Reis. Carlos Canellas, que fez a tentativa sem oxigênio suplementar, acompanhado por Carlos Santelena e Joel Krieger chegaram aos 8500m e retornaram. Parabéns a todos !!.

O japonês Yuichiro Miura se tornou o homem mais velho a atingir o cume, com 80 anos.

Estima-se que mais de 600 escaladores conseguiram chegar ao topo do Everest. Houve 9 mortes.

Outros posts da série


1 - Como é !? Vão subir o Everest?
2 - Chegada à Kathmandu
3 - Explorando Kathmandu
4 - Kathmandu–Pashupatinah e Boudhanath
5 - Voando para um dos aeroportos mais extremos do mundo (Lukla)
6 - Começamos a jornada! Caminhada até Monjo
7 - Namche Bazaar
8 - No caminho para Thamo, a visita a monges budistas
9 - Rumo ao Everest Base Camp: chegamos aos 4000 metros
10 - Como as cargas são transportadas no Himalaia
11 - A caminhada continua. Rumo à Deboche
12 - Sol e esterco: fontes energéticas no Himalaia
13 - Os desafios continuam: caminhada até Dingboche
14 - Uma curta caminhada, lindas paisagens e um desafio
15 – Entrevista com Manoel Morgado
16 – Lobuche e o Memorial aos Sherpas mortos
17 – Quase Lá: Gorak Shep
18 – Kala Patthar: 5500m e a melhor visão do Everest
19 –  Acampamento Base do Everest:Objetivo conquistado
20 – Retorno do Acampamento Base do Everest – de Gorak Shep a Deboche
21 – Terminando a caminhada: de volta a Lukla

4 comentários:

  1. Quando todo o esforço realizado durante o caminho vale uma série de relatos, é prova de que a conquista que vem dele é grande. Parabéns pelo esforço, me identifiquei com o relato, apesar de não ter realizado tal proeza de caminhar em altitudes. É toda a preparação pra enfrentar o caminho até o objetivo, a série de esforços e determinação, que fazem a grandiosidade da conquista. Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, Natalia !
      Você colocou um ponto importante: é tanta coisa boa, que são necessários vários relatos, mas que certamente não conseguem traduzir tudo que vivemos lá. Os vários resultados que alcançamos nesta jornada terão reflexos duradouros. Muito obrigado pelo acompanhamento desta nossa série
      Grande abraço

      Excluir
  2. Muito legal esta série Jodrian ! Ainda estou um pouco longe de subir até o acampamento base do Everest, mas pelo menos cheguei aos 5604m de altitude no Cerro Toco, no Atacama. Agora estou planejando o Licancabur !!!

    Mas parabéns pela série ! Com certeza foi uma experiência única que você levará por toda a sua vida.

    Um abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, Erick!!
      Sim, foi uma experiência incrível e sua experiência no Cerro Toco já te dá uma vantagem para o Acampamento Base, que fica a 5360 m.
      Grande abraço

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...